sábado, 15 de janeiro de 2011

Soneto da Separação

De repente do riso fez-se o pranto 
Silencioso e branco como a bruma 
E das bocas unidas fez-se a espuma 
E das mãos espalmadas fez-se o espanto. 

De repente da calma fez-se o vento 
Que dos olhos desfez a última chama 
E da paixão fez-se o pressentimento 
E do momento imóvel fez-se o drama. 

De repente, não mais que de repente 
Fez-se de triste o que se fez amante 
E de sozinho o que se fez contente. 

Fez-se do amigo próximo o distante 
Fez-se da vida uma aventura errante 
De repente, não mais que de repente.

Vinicius de Moraes

Um comentário:

  1. Na verdade, nunca é de repente. A coisa vem cada dia um pouquinho. A gente só percebe qnd o pouquinho virou um montão e vc não aguenta mais olhar pra pessoa, parece um estranho... e vice-versa.

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