sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

DAI À OBRA DE MARTA UM POUCO DE MARIA

Dai à obra de Marta um pouco de Maria, 
Dai um beijo de sol ao descuidado arbusto; 
Vereis neste florir o tronco ereto e adusto, 
E mais gosto achareis naquela e mais valia. 

A doce mãe não perde o seu papel augusto, 
Nem o lar conjugal a perfeita harmonia. 
Viverão dous aonde um até 'qui vivia, 
E o trabalho haverá menos difícil custo. 

Urge a vida encarar sem a mole apatia, 
Ó mulher! Urge pôr no gracioso busto, 
Sob o tépido seio, um coração robusto. 

Nem erma escuridão, nem mal-aceso dia. 
Basta um jorro de sol ao descuidado arbusto, 
Basta à obra de Marta um pouco de Maria. 

Machado de Assis

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